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quinta-feira, 30 de maio de 2019

Évora->Fátima "Para além da corrida"

O que todos querem saber…

"O que é que te leva a Fátima?"

(Marco indicador da Rota de Fátima)

-Não tenho uma resposta formada, mas posso afirmar que me faz bem!


Este ano, á semelhança de 2017, de cedo planeei ir de Évora até Fátima a correr, melhor me soube, quando a minha mulher me disse que iria também, num registo diferente, iria com um grupo de peregrinação, num total de 6 etapas e 200km.
Pensei que seria boa ideia planear a minha partida de forma a encontrar-me com ela e o restante grupo na sua última etapa.
Assim foi, no sábado 11 de Maio, de mochila ás costas, deixo Évora rumo a Fátima pelas 07.00h.
Tinha o meu caminho planeado por distâncias e tempos, a minha primeira paragem seria em Montemor, onde contava chegar pelas 12.00h, bem a tempo de almoçar e repor energias, uma vez que seguia sem qualquer tipo de apoio e limitado a quantidade de reservas que conseguia transportar na mochila, articulei as minhas paragens de forma a nunca ficar sem água.
Em Montemor, optei por fazer uma paragem rápida, decidi entrar num supermercado, comprei duas coxas de frango, uma porção de arroz e duas garrafas de água, tudo planeado, sentar na relva á sombra a almoçar enquanto carregava baterias, mas…… Esqueci-me que não tinha qualquer tipo de talher 😂😂😂

(O almoço em Montemor)

Então imaginem a expressão dos demais que passavam e viam alguém sentado a porta do supermercado a comer coxas de frango e arroz, "á mão".

Sem problema, de barriga cheia, preparei-me para seguir caminho e só voltar a fazer nova paragem em Coruche, contava chegar ao final da tarde, demasiado cedo para jantar, demasiado tarde para lanchar, mas logo se via.
Em Coruche, decidi apenas comprar umas gomas e águas e seguir rumo a Santarém, sabia que lá, mesmo fora de horas, ia sempre ter um McDonald´s aberto para jantar.

(Saida de Santarém)

A esta hora, já sabia que o grupo de peregrinação onde seguia a minha mulher estava a pernoitar em Pernes, o relógio estava completamente contra mim, iria chegar a Pernes demasiado cedo para seguir com eles e demasiado tarde para esperar.

Em Santarém, adotei a mesma estratégia que em Montemor, uma vez que ainda apanhei um super mercado aberto, optei por comprar jantar e águas, para não perder tempo e me por ao caminho. Aqui, foi onde surgiram as primeiras complicações mais sérias, as pernas estavam demasiado desgastadas, as cãibras vieram para ficar, e, eu não sabia o resto do caminho 😂😂😂

Procurei ajuda para sair de Santarém na direção mais curta no sentido de Pernes, a noite já tinha caído, e a estrada que liga Santarém a Pernes, é bastante perigosa, sem valetas e bastante movimentada por camiões. A  minha mulher liga-me por volta das 22.00h e diz-me que em Pernes posso tomar um duche e descansar, reorganizei o plano inicial e ia ficar me Pernes a descansar, seguia com o grupo, na sua ultima etapa em caminhada.


No troço de Santerém para Pernes, parei por instantes numa paragem de autocarro isolada, para descansar uns minutos e comer, foi quando, sem luz, sem colete reflector, quase descalça, passou a Maria, sem sequer me ver, uma vez que eu estava de frontal apagado. Segui logo atrás dela, a conversa da ocasião…

- Vai para Fátima?
- Vem de Lisboa?
- Sem Luz e sem colete?
- Não sabe bem o caminho?

Isso mesmo, a Maria, senhora de 50 anos, sozinha, com uma trouxa mal feita e gigante ás costas, ia para Fátima, vinha de Lisboa, sem luz nem colete, nem sabia o caminho…

Ali, a 10km´s de Pernes, sabia que não a podia deixar seguir sozinha, abdiquei da minha corrida e da minha pressa de chegar para lhe fazer companhia, as minhas cãibras passaram para segundo plano, a Maria, ia cansada, muito "mal tratada"...

Sem saber o que ia encontrar, disse-lhe que ficasse em Pernes também, que ninguém lhe ia negar um espaço e um banho, de manhã, e mais segura, seguiria com os restantes grupos rumo a Fátima.

A Maria não escondeu o seu segredo, disse-me que tinha uma filha que já tinha ultrapassado vários problemas de saúde, e que desde que a filha melhorou, que ruma a Fátima todos os anos, sempre sozinha, sempre naquelas condições, e sempre sem saber o caminho certo…

Pernes… 01.30h

Foi como chegar a casa 💗

A minha mulher estava a minha espera, cansada de um dia de caminhada debaixo de um calor tórrido, não era hora de falar das minhas maleitas, só queria tomar um duche, quando entro no quartel dos bombeiros voluntários de Pernes, o cenário é caótico, os peregrinos estavam, literalmente amontoados uns nos outros a dormir, tomei um duche, e "encostei-me" a descansar, o grupo dela, preparava-se para sair ás 04.30h, o tempo que me restava era muito pouco.

Na hora do acordar, se cheguei a dormir, ia conhecer todas as pessoas, todos os peregrinos que partilhavam os últimos 5 dias com ela.
Quando cheguei ao sitio onde pernoitavam, ao ver-me chegar, houve quem aplaudisse, pelo facto de eu ir a correr desde Évora até ali, quando os verdadeiros heróis eram eles, aquele caminho, aquela jornada, fosse qual fosse o motivo, aquela jornada era inteiramente deles.
Eram pessoas bem dispostas, na sua maioria mulheres, os rostos, deixavam transparecer o cansaço de 5 dias.

(Fotografia do grupo, "Caminhar com D. Bosco até Maria)

Eu estava bem, queria saber se estavam também, preocupava-me o estado em que alguns se encontravam, os pés demasiado estragados, a circulação nos membros inferiores estava a causar alguns problemas a pessoas no grupo, só queria que a minha presença pudesse ser útil em alguma coisa naquele momento.
Tratei de ajudar a levar malas para o carro, enquanto quem prestava apoio ao grupo, preparava a mesa do pequeno almoço.
Antes de iniciar a última etapa, o Eduardo, o homem que tratava de manter todos no caminho certo, pediu para que me apresentasse ao grupo, sou um homem da escrita, mas ali, faltaram-me as palavras, hoje, posso dizer, o que me levou a Fátima:

Não se trata de ser crente ou não!

Para mim, existe muito mais que isso quando o tema abordado é Fátima;

Inexplicavelmente, para mim é mágico, é prazeroso, mesmo que a jornada tenha mais de amargo do que de saboroso, a imponência de chegar a Fátima é indescritível; 

Faço-o primeiramente por mim, pelo meu interior e pelo bem que me sabe e me faz, mas levo comigo, todos, bem juntinhos, a família, os amigos, os demais, todos são lembrados neste caminho;

Iniciada a última etapa, o espirito é fantástico, o GRUPO "Caminhar Com D. Bosco até Maria", é sem dúvida o grupo onde eu me via a ultrapassar uma jornada destas, pessoas de todas as idades, todos os estratos sociais, um equilíbrio perfeito, apenas 3 homens, o Eduardo, que quase sempre tomava a dianteira e atentamente assegurava que o grupo não se dispersasse, o Carlos, que fechava o pelotão, assegurando que ninguém ficava para trás, e o Telmo, que era uma espécie de peão, que mesmo em dificuldades por causa dos pés, assegurava a boa disposição em qualquer amplitude do grupo.

A etapa mostra-se dura, para quem caminha a tantos dias, os sentimentos baralham-se e num misto de ansiedade por querer chegar e frustração por não conseguir progredir mais depressa, facilmente se perde o controlo e se explode em lágrimas, cabe ao grupo, aos menos fatigados, tomar as rédeas e assegurar que ninguém deixa a jornada por terminar, aquele grupo era especial, a chegada era dura para a maioria, mas ninguém queria deixar ninguém para trás.



Fátima foi alcançada, por todos os que ousaram deixar Évora para trás e seguir o seu caminho. 



Eu, fui um sortudo, tive uma jornada a sólo muito boa, mas ficou fantástica quando me cruzei  com este grupo, OBRIGADO, por me terem recebido tão bem, OBRIGADO, por terem partilhado comigo um caminho que era só vosso, OBRIGADO DE CORAÇÃO, foi enriquecedor para mim, poder chegar ao Santuário acompanhado de todos vocês.

(Terço, oferta do Padre Luis, da paróquia de Nsa. Sra. Auxiliadora, Évora)


"Caminhar com D. Bosco até Maria"

Algumas Fotos da Jornada








#NOSVAMOSLAESTAR


terça-feira, 21 de maio de 2019

UTSM 2019

UTSM 2019

https://www.youtube.com/watch?v=l482T0yNkeo

 Nem sei por onde começar 😂😂😂

Talvez pelo estádio, isso, comecemos pelo estádio, de onde foi dada a partida para mais esta mega aventura. Pelas 22.00h, a melhor hora de partida de sempre para uma prova desta distância.
Muitas caras conhecidas, muitas caras felizes, muitas mais melindradas, muita gente havia por ali prestes a embarcar na sua primeira aventura de 3 dígitos, um público fogoso, estavam reunidas todas e as melhores condições para mais um memorável UTSM.

( Foto Pré-Partida, fresco e fofo )


A partida, este ano, ao contrário das edições anteriores que nos apontava diretamente para a serra escura e fria, é feita pelas principais artérias da cidade, com passagem pela Rua do Comércio, onde mesmo fora de horas, os lojistas mantinham as portas abertas, a CIDADE estava cheia de palmas para a nossa passagem, ali, cedo, percebi, este ano, ia ser diferente, e começou com o pé direito.

Bem, vou começar as lamurias, que é disso que vocês gostam, que eu sei 😎😎😎

Na cidade, cheia de caras conhecidas para mim, era fácil demais correr a 4´.30´´sem medo do que estava para vir, queria era despachar aquilo. Aqui, nesta fase, cheio de força e cagança, dizia a todos os que perguntavam, 15.00horas, 15.00 horas e devo estar em Portalegre novamente…..

-Deves, deves...

(Pela noite dentro da serra de S. Mamede)

Arranquei de t-shirt, manguitos e um casaco bem ao estilo, "folha de papel", esperava um clima tropical, e acertei, estava um verdadeiro dia tropical na Antártida 😂😂😂😂

Ao atingir Marvão, estava bem disposto, mas trazia uma estranha dor no peito, não percebia se me doía o estomago se o peito, algo muito leve mas incomodativo, em Marvão, por lapso, esbarrei num abastecimento que não era para os atletas, mas sim exclusivamente para o Staff, mas tinha tão bom aspecto, que não me aguentei, e tive de "sacar" dali umas fatias de tortilha e comer a pressa sem ninguém ver, achava eu, claro que fui apanhado e ainda levei um bom raspanete 😆
O PAC de Marvão era na rua, estava um frio brutal, não queria estar ali muito tempo, bebi uma sopinha de penalti, puxei das luvas e rumei direito a serra Fria.
A próxima barreira a derrubar seria o PAC5, no Porto da Espada, JÁ CHEIRA A AÇORDA E CANJA DE GALINHA, sentia-me muito bem nesta fase de prova, mas sabia que o esforço tinha de ser medido na conta certa, o UTSM, este ano só começava aos 60km´s, e até ao Porto da espada, existe pelo menos uma subida e uma descida demolidoras, de resto, todo o troço é relativamente fácil, ao chegar ao abastecimento, tiro pela culatra, não havia sopa 😓

Nem me sentei, entrei num café que estava junto ao abastecimento, bebi dois cafés de peanlti e segui caminho rumo a verdadeira Sierra Fria e ao Pueblo de El Pino…
Aqui, sim, começou "A ESCAVACADEIRA", quando a entrar no PAC pelo inicio da manhã, uma senhora, já de Nacionalidade espanhola, grita a minha passagem na entrada do PAC:

- TRÊ QUATRO TRÊS
- TRÊ QUATRO TRÊS

Aquilo ficou-me no sentido hã… A espanholita gritava que se fartava, o abastecimento mais parecia uma sala de bingo 😂😂😂

Um gentil voluntario, Hispânico também, dirige-se a mim da seguinte forma:
- Hola Tio que tal, vá bien?

Nasci ao lado da fronteira, desde miúdo que os oiço gritar uns com os outros, sou quase "Bilingue", e estava em Espanha, teria de falar espanhol também.
Pensei primeiramente cá para os meus botões, "porquê tio!!!, se ele nem é meu sobrinho?!"...

Mas puxei do meu melhor espanhol e de ar sério lhe respondi:
"Si, claro, só tengo as Rodilhas todas Rodidas, fuera isso, todo vá bien Sobriño"

Olhou-me de forma suspeita, talvez não fale o mesmo Espanhol que eu, mas percebeu quando lhe pedi um "cafésolo" 😂😂😂

Aqui em El Pino, comi, 1kg de gomas, sem problemas, muitas e muitas gomas, já não podia ver mais laranjas e bananas a frente ao final de tanto tempo…

Temos de seguir que se faz tarde, ai mãezinha, é por ali? Vai lá uma camisola fluorescente, tomara que vá enganado 😂

Mas não ia, não tardou nada, estava a passar por lá também, a penar, de mão no joelho e nariz apontado ao chão, pregando "coño, roder e cojones" em alto e bom som, ao fim ao cabo ainda estava em terras Espanholas…

E aqui, nesta fase do percurso, me perguntei, porque raio abriram as fronteiras??? Não fosse a liberalização e seriamos poupados a estas demolidoras subidas.

(Em Alegrete, rir para não chorar)


Ora, São Julião e São Mamede não interessam, interessa sim, o estado lastimável em que ia sair de São Mamede, já estava vencido, e completamente acabado, sabia que até Alegrete ia ser a descer, mas infelizmente, estava acabado, não tinha força, só a teimosia me ia levar a concluir a prova, tinha demasiadas dores, não poupei os pés, as unhas pareciam feitas de cristal, prestes a partir a cada passada que dava, mas ia seguir caminho até Alegrete.

Chegado a Alegrete, conheço o caminho de cor e salteado dali para a frente, e F0dss€, aquilo é um quebra costas dos grandes, demorei séculos a progredir, perdi as forças até para trotar a descer, perdi posições, a vontade e o ânimo, restava-me a teimosia para não desistir ali, no rabo da coisa…
O caminho para o Reguengo é duro, estava numa fase do percurso onde não aparecia ninguém, seguia sozinho, aborrecido e desmotivado, e sabia o que estava a espera, a BESTA, a temível BESTA, num abastecimento intermédio, antes de a enfrentar, sentei-me numa cadeira, olhei para o dorsal, para o relógio, e disse a mim mesmo:
-Está na hora de desistir, não aguentas mais, já fizeste o que estava além das tuas capacidades, vai de carro, a prova termina aqui…
Cheguei a dizer a um colaborador que estava no PAC, que ia ficar ali, mas não me conformava, não sabia como assumir uma desistência de algo que queria muito…
Respirei, ponderei, fiz-me teimoso, levantei-me e disse-lhe, SÓ PARO NA META, apontei-me a subida e passados 300 metros, achava que devia voltar para trás, mas queria seguir em frente, sabia que tinha de afastar-me dali depressa para a vontade de voltar não ser nenhuma, ei-la, a BESTA…

(a BESTA, onde a fotografia não lhe faz jus ao nome)

Mãos nos joelhos, quando chegares lá acima podes finalmente sentir o sabor da medalha de cortiça ao peito, aqui, ofendi este mundo e o outro, devia ter ficado lá atrás, mas agora já não compensa 😂😂😂

(A meio da Besta, não há foto que a descreva)


A besta está dominada, no reguengo, só reabasteço de água e ponho-me ao caminho, cheirava a meta, era minha, estava feita, arrancada a ferros, custosa até ao osso.
O caminho até a meta, foi duro, sofrido, estraguei os pés de verdade, mas cheguei, mas cumpri, mas consegui.
Consegui mais uma medalha, mais uma aventura, uma história, e consegui divertir-me a brava.

A verdade é só uma, a prova é difícil, não é extrema, ainda, mas é muito, muito difícil, podia inventar mil desculpas para não ter feito as 15.00h a que me tinha proposto, mas a verdade é só uma, não tive nem pernas, nem peito para ela, o UTSM esteve por cima do primeiro ao ultimo km, não foi brando comigo, substimei-o, acabei por pagar a fatura carissima.

Juro que nunca mais lá volto, pelo menos hoje, juro que nunca mais lá volto 😂😂😂😂

Foram 20 horas, muito compridas...

UTSM, até que eu me esqueça 😁



#NOSVAMOSLAESTAR

terça-feira, 7 de maio de 2019

Não sabes onde estás...

Não sabes onde estás...
...de onde vens, nem para onde vais!

Apenas sabes que queres chegar, sentes o corpo a deixar-te para trás, recusas-te a permitir. 

Falas contigo, pões os pesos na balança, pensas no que já conseguiste e nunca no que ainda te falta, as pernas não interessam, interessas apenas tu, e o que queres alcançar, viajas interiormente e percebes que és muito mais do que imaginas, procuras forças, combates a dor, ignoras a angústia, queres terminar, custe o que custar!

Fechas os olhos e deixas que o coração te guie.

📷 João Delgado


quarta-feira, 1 de maio de 2019

24 HORAS MEM MARTINS

Leiam até ao fim, e perdoem o palavreado 😂😂😂

12.00 horas no relógio 🕛

Meio dia em ponto 🌍

Ao som de Vangelis, Chariots of Fire https://youtu.be/8a-HfNE3EIo

É dada a partida, uma coisa simples, ali não havia pelotões, ninguém sabia quem ganhava, nem quem seria boa companhia para seguir junto.

Agora....Vamos lá ver se eu vos consigo explicar volta a volta como aquilo foi. 

Volta 1- Saímos do tapete vermelho, para uma curva a esquerda, seguida de uma direita longa para uma ligeira inclinação que nos levava a uma ponte de madeira que mais parecia a cama de molas da minha avó, que terminava com uma saída a direita descendo 9 degraus para sair novamente a direita e pegar numa curva a esquerda que fechava a 180°, dessa, entrávamos numa a direita para colocar os pés na terra batida e bem batida com uma passagem por cima de uma ponte de madeira, que mais parecia o colchão de molas da minha TETRA avó, mesmo tipo trampolim, BRUTAL a primeira passagem, até dava vontade de ficar lá a saltar como uma criança, desse trampolim, saíamos a esquerda, para uma ascensão de 4 md+ em 30m de distância, "uma rampa de acesso", isto na primeira volta, mas já lá vamos. 😈 Ah, aqui nesta zona, do lado esquerdo, estava a minha tenda, com a minha mulher lá dentro, a olhar para mim a sorrir, a acenar e a pensar, FODASSE, o meu marido é um hamster 😂😂😂 ao cimo dessa rampa, seguindo em frente, numa espécie de pista corta mato,por uns 300 metros, iniciavamos uma curva LONGAAAAAAA a direita bem ao estilo Rotunda do Marquês que nos levaria a tomar o mesmo percurso mas em sentido inverso apenas separado por uma fita, era giro, dizia -Bom dia! a quem vinha em sentido oposto, isto nas primeiras voltas, mas já lá vamos 😈, ao fim desses 300 metros retomavamos o circuito, mas muito melhor, na ERVA, em que basicamente era assim, 30 metros para lá, volta para trás, 30 metros para cá, volta para lá mais 30 metros, onde estava uma ligeira descida de 2 metros, muito fácil, na primeira volta, mas já lá vamos😈, ora, uma ligeirinha a direita, mais uma ponte bem ao estilo cama da minha pentavó, e BUMBAS, passadeira vermelha, terminei a primeira volta, ehehe, é só isto? Fácil, Easy, Peaners, Tré Fácile, isto é como roubar um chupa a uma criança, achava eu, mas já lá vamos 😈😈😈

Volta 2- Ler a descrição da volta número 1;

Volta 3- Ler a descrição da volta número 1, ou também pode ser a 2 se gostaram mais 😂😂😂

Bem, volta 30 e tal, acho eu…

O tal tapete vermelho, já todo sujo, comia aí um bocado de melancia, ou outra coisa qualquer, um croquete ou assim, qualquer coisa servia, cambaleava á esquerda para depois cambalear á direita, subia outra vez para a merda daquela ponte manhosa de madeira que mais parecia a arca de Noé no dia do dilúvio, descia ao lado das escadas, arfava, libertava o F0d@$$E nr° 1324, cambaleava a esquerda longa, até mais uma ponte manhosa, tipo a cama de molas daquela senhora da minha família que já nem conheci 😂 para a seguir tropeçar a esquerda, ah, aqui nesta zona, do lado esquerdo, estava a minha mulher, na tenda, a DORMIR, encontrava a tal ascensão, que nesta fase parecia a subida ao Everest, e entrava naquela zona onde os atletas se cruzavam e os bons dias, eram trocados pelo pensamento, " este.....já está a voltar para trás e eu ainda tenho de ir lá ao fundo" , depois de lá irmos também, ao fundo, e depois de fazer aquele para lá é para cá 3x, estava a tal DESCIDONA, um precipício perigosíssimo, super inclinado, onde ouvíamos de uns alienígenas quaisquer que tinham acabado de chegar para ver a corrida dos hamster's, ESTÁ QUASE, não sei se não sabiam que eram só 08.00h da manhã, ou se achavam mesmo que em chegando a meta aquilo acabava para todos 😂
Foi esta a minha experiência, e talvez a única numa prova em circuito, foi dura, super exigente a nível mental, as pernas ali param cedo demais, os olhos querem fechar cedo demais, a monotonia, coloca-nos em piloto automático, é fácil adormecer enquanto corremos, temos kms que passam num segundo e metros que demoram horas. É fundamental ir como eu, levar alguém que nos conheça na corrida, que saiba o que precisamos e quando precisamos, que nos dê um sorriso quando estamos a ficar irritados, que nos empurre quando queremos abrandar, é uma luta, é uma guerra, que travada a dois, custa muito menos.

A prova em si, cheguei, em cima da hora, fiquei desiludido, pouca "gente da organização", pouco público... o que se veio a mostrar contrário, pois era "gente sabida" da corrida, como eu gosto de lhes chamar, os "velhos da corrida", presentes do início ao fim, um queria que eu comesse bolicaos a força 😂😂😂 outro, preocupava-se em saber se estávamos bem ao final de cada volta, as MULHERES, essas, asseguravam a logística, preparavam os pratos quentes, e BONS, queriam saber se estávamos bem, sempre de mangas arregaçadas, engoli o sapo, julguei-os antes de tempo, eram poucos, mas eram mais do que suficientes, PARABÉNS ORGANIZAÇÃO.
O fisioterapeuta/massagista, lamento não saber nem o nome dele para o poder mencionar, mas PORRA, o homem, com horas sem dormir e a fazer frente a uma noite fria, tratava dos atletas de uma forma fantástica.

Esta prova marcou-me, de verdade, certamente não voltarei, mas o que trouxe, chega-me para crescer e ficar feliz.
(Aproximadamente com 1 hora de prova)

(45km´s Feitos)

(24 horas depois)

(Após a Chegada)

(Medalha de Participação e Medalha Classificativa)



De reforçar, PARABÉNS A TODA A ORGANIZAÇÃO
24 horas a correr? Em circuito? Nunca mais.....TALVEZ.

📷 Orlando Duarte
📷 Jaime Maurício


Portugal 281+ Ultramarathon

Bem vindos amigos, á mágica Pt281+ Ultramarathon Sentem-se, confortáveis, vou tentar levar-vos a viajar numa das maiores aventuras qu...